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4 de junho de 2013

Primeiras impressões do Haiti


Cheguei há exatamente 4 dias no Haiti. Estou finalmente instalado na minha “casa” dos próximos  7 meses e fiz hoje a visita oficial ao hospital onde vou trabalhar.

Vivemos juntos uma equipe de 20 pessoas, de variadas nacionalidades. Cada um de nós temos um “chalé” de madeira bastante rústico. Ficam espalhados num terreno amplo anexo ao hospital. Temos uma quadra de vôlei e uma cozinha coletiva ampla onde o pessoal passa o fim de tarde. Não há água quente, mas o calor daqui dispensa qualquer chuveiro com resistência elétrica. Concidentemente há um outro brasileiro entre essas pessoas, chamadas por aqui de expatriados ou simplesmente “expats”. Uma coincidência mesmo, pois entre 30.000 pessoas, não há muitos brazucas na organização.  Dentre essas pessoas há médicos, enfermeiros, administradores, gestores de projeto e os responsáveis de logísticas.

Anexo a esse terreno onde moramos há o hospital. São muito impressionantes suas instalações e seu tamanho. É realmente um hospital de 1a linha, que atende principalmente as urgências mais complicadas, como queimados, acidentados e vítimas de violência. São 125 leitos atualmente, que recebem 3000 pacientes por mês. No mesmo local há um segundo hospital do mesmo tamanho que abre quando ocorrem as epidemias de cólera, que são recorrentes no Haiti. Pelo que me disseram é uma correria danada quando isso acontece, pois têm que praticamente dobrar a mão de obra, remédios, combustível e por aí vai.

Esse mês começa a temporada das chuvas e com isso devemos ter que abrir esse segundo hospital, pois a água acumulada na cidade que tem um péssimo saneamento propaga a cólera.

Quanto ao hospital há muitos queimados, a maioria deles devido a choques elétricos devido às instalações elétricas caóticas que fazem parte da paisagem dessa cidade. Há porém outros casos como explosões de tanques de combustível, de geradores e etc. Na semana passada um tanque explodiu no meio de um mercado popular e 30 pessoas tiveram que ser internadas por aqui.

Os próximos meses prometem, pois além dos casos “normais” e da muito provável epidemia de cólera que se anuncia há dois fatores que provavelmente farão o fluxo de pacientes aumentar. Primeiramente a estação de ciclones que começa esse mês. Já são 18 ciclones na região previstos pelos meteorologistas (já têm até nome e tudo), sendo que 9 deles com possibilidade de aumentarem e se transformarem em furacão. Temos uma casa construída em concreto, uma espécie de bunker, no nosso terreno onde devemos nos refugiar caso um deles resolva passar por Porto Príncipe. Pra completar o quadro, até o final do ano devem acontecer as eleições legislativas e os atores políticos começam a se movimentar da maneira haitiana: armando gangs das favelas que aterrorizam outras comunidades de partidos rivais. Esse final de semana já tivemos 11 feridos à bala que deram entrada no hospital, todos vindo da Cité Soleil. E nenhum deles pertencia à nenhuma gang, eram civis. A tática desses bandos armados é aterrorizar a população pra mostrar o quanto o chefe da gang rival (patrocinado pelo partido político rival) não tem a capacidade de protege-los. Assim funcionou a política haitiana nas últimas décadas e infelizmente continua assim.

O meu trabalho específico, que é controlar as finanças do hospital, será grande. Temos o maior orçamento de toda a organização, é de fato um hospital caro e que tende a ficar mais caro ainda com todas essas previsões...

Porém o Haiti não é só tragédia. Esse final de semana fomos à um bar com música ao vivo caribenha, acompanhada de rum! Nada mal. No domingo deu pra ir à praia, comer lagosta fresca, pescada na hora com uma vista sensacional! Acho que serei obrigado a repetir essa visita mais vezes!

Praia de Taina, Haiti

Come-se muito bem por aqui!


Os próximos meses prometem!

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