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22 de junho de 2013

Caso Bizarro no. 1

Como era de se esperar, os casos bizarros do hospital já começaram a surgir….

Essa semana uma acompanhante de uma paciente supostamente sofreu uma tentativa de estupro em um banheiro do hospital por um dos nossos empregados, um faxineiro. Segundo ela, que está grávida de 5 meses, o rapaz forçou a porta do banheiro e tentou agarrá-la à força. Ela conseguiu empurrá-lo e evitar o pior.

Um detalhe bem importante: ela é cunhada do chefe de uma das gangs da Cité Soleil. Ao sair do banheiro ela foi diretamente denunciar o ocorrido para um dos nossos controladores de armas da portaria, que também é seu parente. Esse veio nos procurar dizendo que o faxineiro tarado seria jurado de morte pelo chefe da gang. O índice de estupros nessa comunidade é altíssimo, e geralmente a justiça é feita com as proprias mãos.

Hora de parar tudo e acalmar a situação! A última coisa que precisamos é de um mais um assassinato, dentro do hospital então seria a catástrofe total, podendo mesmo levar ao fechamento do projeto todo.

Foi todo um dia recebendo testemunhas e ouvindo as diferentes partes. Ouvimos a vítima, o agressor, o controlador de armas e ontem recebemos o chefe de gang aqui no hospital. Deve ter uns 2 metros de altura, uns 150 Kg e um olhar de quem já fez coisas demais nessa vida pra sequer ter o trabalho de se arrepender. Só topou deixar a arma na portaria pois conhece o controlador de arma, que aliás é também nosso informante do que se passa nos bastidores de Cité Soleil…

A bizarrice não acaba por aí. Enquanto era preparado o processo de demissão do acusado (não é tão simples como parece, tem que haver prova concreta, com ocorrência policial e etc) o tal controlador de armas nos chamou. Disse que a vítima voltou atrás nas acusações e que na verdade o que tinha ocorrido é que o faxineiro tinha dado-lhe uma cantada de mau gosto e que ela, em fúria, tinha acusado-lhe de algo mais grave, o que condiz com o discurso de defesa do acusado. Pelo jeito nunca vamos saber o que ocorreu de verdade. Ela retirou as acusações e ficamos com as mãos atadas no processo demissional.  

O faxineiro foi suspenso temporariamente do serviço, pois apesar de ser uma falta menos grave, cantar pacientes e acompanhantes não é um comportamento nada aceitável. Está de cartão amarelo. Acontece é que a notícia dessa novela circulou, e as enfermeiras tomaram partido do faxineiro e a vítima da cantada passou a se sentir constrangida dentro do hospital. Mais reunião, mais apasiguamento dos ânimos, dessa vez com as enfermeiras. E olha que são 109 delas !

Tanta diplomacia parece ter funcionado até o momento : o faxineiro está suspenso em casa por uma semana, a acompanhante continua dentro no hospital sem sofrer constragimento das enfermeiras e o chefe de gang de Cité Soleil está tratando dos seus negocios cotidianos longe daqui, sem intenções sanguinárias até o momento… 

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